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quinta-feira, setembro 10, 2009

Paráfase

TEXTO I:

“O teatro, longe de ser apenas veículo da peça, instrumento a serviço do autor e da literatura, é uma arte de próprio direito, em função da qual é escrita a peça. Esta, em vez de servir-se do teatro, é ao contrário material dele. O teatro a incorpora como um de seus elementos. O teatro, portanto, não é literatura, nem veículo dela. É uma arte diversa da literatura. O texto, a peça, a literatura enquanto meramente declamados tornam-se teatro no momento em que são representados, no momentos, portanto, em que os declamadores, através da metamorfose, se transforma em personagens. A base do teatro é a fusão do ator com a personagem, a identificação de um eu com outro eu - fato que marca a passagem de uma arte puramente temporal e auditiva (a literatura) ao domínio de uma arte espaço-temporal ou audiovisual. O status da palavra modifica-se radicalmente. Na literatura são as palavras que medeiam o mundo imaginário. No teatro são os atores/personagens (seres imaginários) que medeiam a palavra. Na literatura a palavra é a fonte do homem (das personagens). No teatro o homem é a fonte da palavra." ROSENFELD, Anatol. Prismas do teatro. Ed Perspectiva, pp. 22-3.

PARÁFASE:
O teatro, não é literatura. Os dois só se relacionam quando a peça, é escrita, e então a literatura vira teatro. O que move o teatro é a emoção com que o ator declama as palavras, e na literatura são as palavras que nos trazem a emoção.
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TEXTO II:

"Ergui-me, tateei a roupa no encosto da cadeira, tirei dos bolsos cigarros e fósforo, debrucei-me à janela, fiquei longamente a olhar o pátio escuro, fumando. Como iria comportar-me? Se me dessem tempo suficiente para refletir, ser-me ia possível juntar idéias, dominar emoções, ter alguma lógica nos atos e nas palavras, exibir a aparência de um sujeito mais ou menos civilizado. Mas na situação nova que me impunham, fervilhavam as surpresas, e diante delas ia decerto confundir-me, disparatar, meter os pés pelas mãos. Ali em baixo, a alguns metros de distância dois vultos ladeando um portão semelhavam pessoas embuçasdas, gigantes embuçadas. Que seriam: Pilates? Deveriam ser pilates. Afastei-me passeei cauteloso, abafando os passos, temendo esbarrar nas cadeiras." RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. José Olympio, 1º vol., p.52.

PARÁFASE:
Me levantei, passei a mão sobre a roupa da cadeira, peguei os cigarros e o fósforo e comecei a fumar e olhar pro pátio escuro, debruçado na janela. Se eu tivesse tempo, comportaria-me melhor mas me pegaram de surpresa e então não pude pensar direito e me peguei a confundir a mente. Ali em baixo, avistei dois vultos que poderiam ser pessoas ou pilates, como eram grandes. Me afastei devagar com medo de esbarar nas cadeiras.

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